quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

DESCOBERTAS DE PINTURAS MURAIS NO DECURSO DOS TRABALHOS DE INVENTÁRIO DA DIOCESE DE BRAGANÇA-MIRANDA

Sendim da Ribeira – Alfândega da Fé
Capela do Divino Senhor dos Milagres (com dedicação anterior a Nossa Senhora do Rosário)

Monumento religioso incluído no sistema de informação da DGEMN e considerado como uma construção do século XVIII, ainda que conjectural. No entanto, pelo menos a parede testeira e parte das laterais são anteriores ao ano ou do ano de 1593, data dos painéis de pintura afresco.
O edifício está bastante descaracterizado, tanto exteriormente como no interior. No entanto, para além dos painéis a fresco, conserva ainda inalterado o retábulo que os cobre, sendo este do primeiro quartel do século XIX. Testemunha o prolongamento do estilo rocaille, mas com soluções/influências neoclássicas visíveis no camarim e coroamento e na decoração que, embora de inspiração anterior, é muito simplificada.
Os temas dos painéis da principal parede da capela são marianos, representando a Anunciação, aVisitação, a Natividade e a Apresentação do Menino Jesus no Templo (foto.) e, entre estes, a Nossa Senhora do Rosário. Os da parede lateral do lado da epístola, direito portanto, representam São Tiago, Maior, como Peregrino (foto.) e, com muitas dúvidas, o Baptismo de Jesus Cristo, distinguindo-se apenas o anjo que segura as vestes deste. Os painéis que pudessem ter existido na parede lateral oposta foram destruídos por desconhecimento e de forma indirecta.
Merece este núcleo a nossa máxima atenção não tanto pela sua qualidade estética, mas pela correcção do discurso narrativo, verificando-se também um apego à gravura nos temas representados.
Projecto de conservação e restauro e revitalização candidatado ao QREN - 2008.

                      
                                            (legenda: São Tiago, Maior, como Peregrino)

Valverde – Alfândega da Fé
Igreja de Nossa Senhora da Encarnação

Edificação bastante alterada por sucessivas campanhas construtivas tendo em vista a sua expansão e longevidade, a última das quais ocorrida no início deste século. No entanto, conserva alçados muito anteriores, sem qualquer intervenção significativa posterior. Falamos das paredes da capela-mor, sobretudo a testeira, onde verificamos a existência de pintura mural a fresco em dois níveis sobrepostos (foto.), a coberto do retábulo dourado e policromo parcialmente barroco. Das poucas formas e tonalidades que conseguimos perceber com as sondagens, julgamos tratar-se de um dos mais antigos núcleos deste género na região, de inícios do século XVI, isto para o primeiro nível de pintura. O segundo nível, mais recente, deverá fixar-se no século XVI ou XVII. Contudo, apenas com uma intervenção de fundo podermos melhor fundamentar a datação.
O estado de conservação dos dois níveis é, no geral, regular, com a superfície pouco truncada pela fixação da estrutura retabular. Assim, pela datação recuada e também por se encontrar em boas condições de conservação e com poucas lacunas é fundamental a sua correcta conservação e animação (projecto candidatado ao QREN - 2008).
                  
                                               (legenda: Pormenor, Base e fuste da coluna)


Legoinha (Vilar Chão) – Alfândega da Fé
Ermida de Santo Amaro (com dedicação anterior a São Domingos)
Edifício religioso com duas etapas construtivas, a primeira do primeiro quartel do século XVII, correspondendo a esta a capela-mor, a segunda da primeira metade do século XX, com a erecção da nave. Esta ermida, até ao século XX, era apenas constituída pela nave com o altar adossado à paredetesteira, transformando-se a partir de então, com a ampliação, em capela-mor.
O estado de conservação do edifício, em geral, é mau. Parte significativa da cobertura da nave desabou, bem como o topo das paredes onde esta assentava. A nave mantém-se intacta, mas com deficiências graves na cobertura e topos das paredes, porém sem risco imediato de ruína.
A destruição da ermida, para que fosse reconstruída, esteve várias vezes agendada, mas por falta de verbas nunca chegou a concretizar-se.
Em Dezembro de 2007 a equipa de inventário foi até ao local para confrontar as características do edifício com as das peças que daí provinham e para proceder ao seu registo, bem como certificar a inexistência de outras obras de arte e/ou documentação histórica.
O núcleo de pintura mural a fresco encontrado data do primeiro quartel do século XVII e cobre a totalidade da parede testeira e 1/5 das paredes laterais. Até ao momento, foi possível distinguir dois temas de sete, no entanto, a julgar pela dedicação da ermida, antes e durante o ano de 1758, julgamos conhecer um terceiro tema, são eles: São Sebastião (foto.), Rainha Santa Isabel, Santa Face e Verónica (foto.) São Domingos.
Importa a imediata intervenção de conservação e restauro das paredes e cobertura, painéis de pintura mural e revitalização do espaço (projecto candidatado ao QREN - 2008).

                
                                    (legenda: Santa face ou Pano de Verónica)


Vilar do Monte – Macedo de Cavaleiros
Capela de Nossa Senhora do Rosário
É um pequeno edifício religioso periférico à actual malha residencial de Vilar do Monte. Como em muitos outros casos, é apenas constituído pela nave, com um único retábulo adossado à parede testeira e que cobre o painel, que julgamos único, de pintura afresco.
A produção do mesmo deverá se situar na primeira metade do século XVII e deste apenas distinguimos alguns elementos arquitectónicos, como a base e fuste de colunas (foto.) e o seu entablamento, não sendo possível verificar se existem representações figurativas na área a coberto pelo apainelado central do retábulo barroco. No entanto, é perfeitamente possível a ausência de representações figurativas no painel pictórico, dado que a imagem em vulto pleno de Nossa Senhora do Rosário, hoje integrada no retábulo, deverá ser contemporânea da pintura e ter sido enquadrada por esta.
(Projecto de conservação e restauro, valorização e animação candidatado ao QREN – 2008)
                        
(legenda: Base de fuste de coluna)


Castro Roupal (Vinhas) – Macedo de Cavaleiros
Igreja de São Miguel (com dedicação anterior a São Mateus (?))
O conhecimento e divulgação deste núcleo aconteceram em 2004, no âmbito doInventário Histórico-Artístico do Concelho de Macedo de Cavaleiros, etapa inicial do que acabou por se tornar no Inventário Histórico-Artístico da Diocese deBragança-Miranda.
O núcleo em questão é um dos poucos datados. Inicialmente fixaram-se os painéis na década de 30 de 1500, só posteriormente, com o contributo do Dr. Joaquim Inácio Caetano na limpeza de algumas áreas fulcrais do núcleo, se pôde fixar a produção do mesmo no ANO MILL V TRINTA E TRES (1533 – foto.).
A nível arquitectónico a igreja tem aspectos muito interessantes, tais como a planta semicircular da capela-mor, onde se localizam as pinturas, ou os silhares decorados com elipses e os umbrais com sulcos verticais, contudo o produto final não é homogéneo, resulta sim de várias intervenções distantes no tempo e no gosto.
Distinguem-se perfeitamente três painéis, mas julgamos que o número real de painéis é superior, atingindo, no mínimo, a meia dezena. Sobre a sua temática não existem certezas, algo que apenas se poderá obter com a conhecimento do conjunto, dado que o tema dos painéis laterais depende do principal, no entanto julgamos tratar-se da representação de São Mateus, acompanhado pelos restantes Apóstolos (foto.) e, num nível superior, por um par de anjos alados afrontados. A confirmar-se este tema torna este núcleo ainda mais interessante, pois a representação do mesmo em regime de exclusividade é muito invulgar, para não dizer original (?), sendo obrigatória uma investigação profunda sobre o passado económico da localidade.
O estado de conservação dos painéis suscita cuidados imediatos, pois verifica-se o destacamento de partes consideráveis do suporte, sendo necessária a sua fixação ao pano em alvenaria de xisto. Ainda assim, a superfície pintada é muito extensa, sendo superior a nove (9) m2.
Para além do interesse que a temática provoca, a qualidade estética dos painéis e dimensões dos mesmos, bem como a datação recuada e o estilo tardo-gótico que a acompanha, fazem deste núcleo um dos mais importantes da região (projecto candidatado ao QREN – 2008).

(legenda: Grupo de Apóstolos)



terça-feira, 6 de janeiro de 2015

LIMPA DE OLIVEIRAS

Afonso e Mário
Afonso e Mário

 DE JANEIRO A MARÇO
https://www.youtube.com/watch?v=7MIrrxmk5Vc&feature=youtu.be

RIO SABOR

RIO SABOR
RIO SABOR

Ribeira ZACARIAS
RIO SABOR


RIBEIRA ZACARIAS




CABREIRA

CEREJA


A CEREJA
 A produção de cereja em Alfândega da Fé é relativamente recente.
Foi na década de 60 graças ao projeto visionário do Engenheiro Camilo de Mendonça que a cereja começou a assumir importância na economia concelhia.
Este engenheiro, natural de Vilarelhos, uma freguesia do concelho de Alfândega da Fé, idealizou um projeto hidroagrícola para dinamizar a agricultura Transmontana.
Tal implicou também a criação da Cooperativa Agrícola local, ainda hoje responsável pela maior mancha de pomares de cereja existente em Alfândega da Fé, cerca de 60h.
 Aliás, o trabalho desenvolvido em Alfândega estava integrado num projeto mais vasto que este engenheiro delineou para a região transmontana. Camilo de Mendonça programou e implementou a construção de barragens, do complexo agroindustrial do Cachão e também plantações adaptadas às características de solo e climáticas dos diferentes concelhos.
Um projeto inacabado, mas que permitiu fazer de Alfândega da Fé a capital da Cereja do Nordeste Transmontano.
 A cereja de Alfândega pelas suas características qualitativas, mas também apelativas foi-se afirmando, ao longo dos anos, como a principal imagem de marca deste concelho do Nordeste Trasmontano, a tal ponto que o logótipo do Município é uns brincos de cereja, a fazer lembrar que há mais de 50 anos o Eng. Camilo de Mendonça projetou para o concelho a maior plantação de cerejais da península Ibérica.
 Nos últimos anos a produção sofreu uma quebra significativa, fruto também da reconversão da plantação efetuada com cerca de 20 anos de atraso.
Atualmente, o concelho é responsável pela produção de cerca de 150 toneladas de cereja, distribuídos pela Cooperativa Agrícola e cerca de 15 pequenos e médios Produtores.
Dentro de 2 anos o concelho poderá ultrapassar a fasquia das 200 toneladas, altura em que as novas árvores plantadas começarem a produzir em pleno. Principais variedades Em Alfândega da Fé a principais variedades de cereja são: burlat, sunburst, van e summit.
 A Apanha
 A floração acontece por volta dos meses de março abril, proporcionando um espetáculo de rara beleza. A apanha é mais tardia do que noutras zonas produtoras, inicia-se na 2ª quinzena de maio e prolonga-se até meados de junho.
 Consumo/comercialização
Em fresco o fruto é comercializado, principalmente, na região Norte do país, destacando-se a grande quantidade de cerejas vendidas durante a FESTA DA CEREJA
 As cerejas de Alfândega servem-se à mesa até meados de junho e a partir daí podem encontrar-se em compotas, bebidas licorosas ou até em pratos da gastronomia local.
 Recentemente a cereja e os seus subprodutos conhecem também aplicações na área da saúde e bem-estar. É o caso das Almofadas de Caroços de Cereja, do Chá de Pés de Cereja ou mesmo de tratamentos de saúde e bem-estar como é o caso da Cerejoterapia existente no Hotel & SPA Alfândega da Fé.